segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Mudança de Hábito


Por conta de algumas ideias que rondam meus pensamentos, resolvi não escrever um artigo técnico, e sim iniciar uma discussão sobre algo que considero importante para qualquer um... Os nossos objetivos profissionais.

Hoje me peguei meditando a respeito de minha carreira e os rumos que ela tem (ou não) tomado. Ponderando sobre "as dores e as delicias" de ser um Anapropegua, pairou sobre minha cabeça um nevoeiro que já encobriu algumas pessoas com quem trabalhei e cooperei... A possibilidade de mudar "de ramo".

Muitos profissionais, em algum momento da vida, pensam em mudar de atividade, alguns de fato "fazem a passagem", outros preferem permanecer atracados ao cais onde acham segurança.

Tenho observado ao longo dos anos um certo "padrão migratório" entre os profissionais de T.I. (principalmente entre os Anapropeguas). Não uma mudança vertical, como a de técnico para gerente, mas uma mudança horizontal! De {Analista,Programador,Sysadmin,etc...} para advogado! O que leva a isso? Isto se deve aos não tão atrativos salários? Será que existe uma ânsia patológica em ser conhecido por "doutor fulano"? Será que eles enxergam no direito uma forma de "se dar bem"? Ou é algo realmente sincero?

Bem vamos aos pontos aqui levantados:

Os nem sempre altos salários

Os rendimentos de um Analista de Sistemas não podem de fato ser chamados de gordos, aqui, em terras alencarinas os vencimentos de um Analista Senior, lotado em uma grande empresa, giram em torno de 3k a 5k, enquanto alguém em inicio de carreira embolsa mensalmente 1,5k. Não dá para emoldurar o contra-cheque e pendurar na parede da sala, mas, por outro lado, estes proventos estão bem acima da média nacional. De fato, como advogado é possível bater estas metas facilmente.

A ânsia patológica em ser conhecido por "doutor fulano"

Realmente este é um tratamento raramente dirigido à um "doutor" em informática. Mesmo um gerente de T.I é visto como um "menino dos computadores que subiu na vida", e nunca como o "Doutor Fulano".
Resumindo: Se você é pretencioso o suficiente para almejar ser reconhecido como uma "autoridade" ou ser tratado por "Dr. Fulano", esta não é sua profissão.

Enxergam no direito uma forma de "se dar bem"

É triste admitir... Mas os incompetentes e os preguiçosos abundam entre meus pares profissionais!!
Pode parecer uma afirmação drástica, mas reflete a mais pura verdade! Gente que quer exercer a profissão e anela ter sucesso, mas não está disposto a aprender nada, a ler uma revista especializada, a comprar um livro técnico... "Ruby?? Para que eu me viro muito bem com o VB!", "Um novo Framework?? Para que? O que eu utilizo funciona muito bem!!", "Open Source?? Não acredito nisso!!", e por ai vai...

Sem falar na mais pura incompetência... Existem pessoas que tem preguiça de pensar... Estas nunca se tornarão bons analistas (nem bons advogados)!!

Para se tornar um Analista Ninja, conhecedor da técnica fatal dos nove cortes, são exigidas algumas habilidades específicas: montanhas de conceitos, tecnologias, linguagens, etc...

A sensação de estar "correndo atrás do próprio rabo" é constante. Creio que por conta disto muitos desistem, e procuram uma atividade, que segundo uma crença comum e equivocada, pode oferecer uma chance de "se dar bem sem muito esforço" (atenção!! Não estou afirmando que é fácil se tornar um bom advogado. Leia melhor antes de me processar!!).

Uma escolha sincera

Bem, quanto a esta... Se a opção pela mudança for realmente honesta, de repente o sujeito se vê com dez anos de experiência nas costas e insatisfeito com isto... Só podemos desejar felicidades e sucesso nesta nova empreitada!

Com isso concluo:
  1. Um analista preguiçoso nunca será um advogado ativo.
  2. Um analista burro nunca será um advogado inteligente.
  3. Um analista vaidoso com certeza será o mais vaidoso dos advogados!

Eu creio que a maior consideração a ser feita não é a do impacto destas mudanças na vidas das pessoas como indivíduos, e sim como isso afeta a sociedade como todo. Será que as universidades estão fornecendo profissionais sérios e capacitados ou estão inundando o mercado com aproveitadores obstinados?

Bem pessoal, o debate foi lançado...

Paz!

Upadate:

Bem pessoal (quem? quem?), como este post foi escrito meio as pressas, durante minha hora de almoço, sua tecitura não ficou muito firme. Dai senti a necessidade de, por meio de um exemplo prático, jogar uma luz sobre o motivo da minha preocupação com a "migração" citada no texto.

Na minha opinião, o que acontece com a profissão de advogado hoje, é a mesma coisa que acontecia com o magistério em um passado não muito distante. Explico:
  1. Alguém concluía um curso superior, mas por força de um mercado restrito ou qualquer coisa parecida, não consegue uma colocação de acordo com sua formação, dai voltavam-se para o ensino.
  2. Por diversos fatores alheios a sua vontade, uma determinada pessoa não conseguia a aprovação no vestibular para o curso que desejava. Isto levava esta (muitas vezes movida por pressão da família, etc...) a tentar um curso menos concorrido. Invariavelmente era levada a apostar suas fichas nos cursos de história, português, etc...
As pessoas citadas nos dois casos acima não possuem a mínima vocação nem interesse pelo nobre oficio de lecionar, abraçavam a profissão por "motivos de força maior".

Hoje, por conta da grande oferta de cursos de direito , ficou muito mais fácil (mesmo com o temido exame da OAB) e barato tornar-se advogado. Muitas pessoas sem a mínima vocação e com pouco ou nenhum interesse pelo direito vêem nele (como dito antes) "uma forma de se dar bem". Isso gera uma massa de profissionais frustrados, sem o mínimo desvelo pela carreira que escolheu seguir.

Nos vimos o que isso causou aos professores, muitos vêem a profissão como um fardo, não tem o mínimo interesse em ler algum material que não seja o estritamente necessário as aulas, não vibram com os êxitos obtidos por seus alunos, muito menos ficam angustiados com seus fracassos, são meras máquinas em um sistema de ensino fordista, que não valoriza o indivíduo e opera em favor de um mínimo denominador comum. Sei que o peso da culpa do fracasso de nosso sistema de ensino não está somente sobre o malogro dos professores, mas este oferece uma grande influencia.

Bem, espero ter sido mais claro desta vez... Agradeceria, sinceramente, que alguém expusesse uma opinião contrária...

Abraços!

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